sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Grêmio e Traffic

Por mais que tenha gremistas conscientes argumentando racionalmente e achando bom um acerto novamente com a Traffic (leia no Grêmio 1903, clicando aqui), eu abordaria a situação por um ângulo diferente.
Levantaria algo como: orgulho ferido e política de futebol autônoma x "grana no meu bolso".
Sério, assinar com um banco de jogadores em troca do próprio patrimônio não pode significar, no fundo, algo realmente bom. Sei lá, me cutuca a dúvida de se - em caso de mau-caratismo e desvio de conduta de nossos dirigentes (sem ingenuidade aqui) - seria mais fácil receber comissão em transação e contrato de jogador se lidando com os grupos de empresários ou com a estrutura administrativa de um clube como o Grêmio... Imagino que se isso acontecesse via clube haveria uma série de implicações não só éticas, mas, imagino, legais - claro, se viesse à tona.
Uma transação envolvendo exatamente os mesmos atores, mesmos valores, tornaria-se "limpa" - mesmo assim com algumas implicações éticas, mas ainda assim aceitável socialmente - se feita via empresa, terceirizada. Quer dizer, não que isso vá ocorrer com a Traffic, mas será que há este histórico no Grêmio? (sem ingenuidade aqui?)
Será que houve - ou há - dirigentes do clube com percentuais de contrato? Com participação em negociações?
Que nível de tensão não geraria se de repente aparecesse que eventual assessor de futebol receberia um "x" pela contratação de "a" mais um "y" de seu salário. Complicado, não?
Agora, com um cnpj intermediário, dá até para ser sócio da empresa, que tudo cai nas "regras de mercado".
Não gosto deste modelo - de jeito nenhum.
O Grêmio precisa ser independente, com estrutura de futebol própria, com banco de dados próprio.
Mas isso demandaria, claro, muito trabalho da direção e, em virtude do estatuto do clube, nenhuma ou pouca remuneração, certo?
Ninguém vai conseguir me convencer de que um clube deste tamanho todo precisa de grupos como a Traffic para ter sucesso em suas empreitadas de negociações de jogadores. Não somos o atlético-pr.
Falta, isso sim, visão de que o Grêmio é um clube de futebol e sua finalidade é exclusivamente a de montar times de futebol e vencer campeonatos - e não gerar lucros com isto!
As receitas devem ser todas - TODAS! - revertidas para as estruturas do futebol - e não para os bolsos de quem administra. Em se evoluindo no sistema que Odono & cia querem implementar no Grêmio, não seremos mais um clube, mas uma marca, que servirá de guarida para algum tipo de empresa futebol clube - como faz a Unimed com o Fluminense.
Que seja possível, ao findar desta gestão que iniciou na fanfarronice de uma contratação frustrada - qualquer semelhança com todos os inícios de temporada destes mesmos personagens em outras épocas NÃO é mera coincidência -, uma renovação de verdade nas estruturas de deliberação e administração do clube, com maior participação dos sócios e torcedores, com valorização dos verdadeiros ídolos e implementação de ideias que coloquem, enfim, o Grêmio no caminho da profissionalização DENTRO DO FUTEBOL.
Que os balcões de negócio fiquem restritos às realidades daqueles que têm isso por finalidade.

Um comentário:

Hélio Sassen Paz disse...

Guga,

Isso se chama terceirização neoliberal, falta de competência e de interesse para gerir o clube.

Subserviência a empresários = desmantelamento do único ativo que o clube possui: as categorias de base.

Nenhum medalhão vale a cessão de gordos percentuais dos melhores e de baixos percentuais de muitos.

[]'s,
Hélio