segunda-feira, 21 de setembro de 2009

São Paulo compra jogo, mas tiro sai pela culatra

Estou há algum tempo sem escrever sobre futebol.
Tudo isso em virtude do envolvimento com diversas coisas que têm ocorrido desde o assassinato do Elton, lá em São Gabriel.
Estamos no desenvolvimento de um documentário - o qual iniciaremos a produção de material para divulgação dos trabalhos na sequência, a ser veiculado aqui, no blog da Catarse e onde mais se conseguir.
Pois bem, mas o alma retorna hoje a falar de bola.
Mesmo que ainda não do Grêmio - mais tarde publicaremos o Almômetro do jogo contra os bebuns, finalmente!
Nessa última rodada, um fato chamou a atenção e o que deveria ser motivo de revolta generalizada está passando totalmente batido - mesmo que aqui e acolá, na imprensa esportiva nacional tenha se mencionado.
Digo que a reação deveria vir dos clubes, de maneira organizada.
Na minha opinião, o fato é gravíssimo.
Santo André e São Paulo fizeram o que deveria ser o jogo "da volta" do confronto. O primeiro fora no Morumbi, o segundo seria no Bruno José Daniel, em Santo André.
Pois qual o espanto quando anuncia-se que a partida seria realizada em Ribeirão Preto!
Oras, como assim???
No caso de clubes com torcidas comprovadamente de âmbito estadual, não haveria problemas. Um acordo para se jogar no estádio Santa Cruz um clássico entre São Paulo e Palmeiras ao invés do Parque Antártica dividiria o estádio e colocaria mais 15 ou 20 mil pessoas nas arquibancadas.
Seria relativo se afirmar que os alviverdes estariam prejudicados em seu mando, já que sua imensa torcida se espalha pelas bandas de Ribeirão Preto e o estádio estaria, no mínimo, no meio a meio.
Essa prerrogativa vale para um Grenal, por exemplo, a ser disputado em Erechim, em detrimento ao mando de Grêmio ou Inter em qualquer uma de suas casas.
No entanto, ao transferir o seu mando para Ribeirão Preto, um clube como o Santo André, notoriamente pequeno e sem torcida, com apoiadores localizados somente na cidade em que se baseia, se caracteriza, assim, uma ação de total desequilíbrio técnico na competição.
O Santo André já dividiria certamente as bancadas de seu estádio com a muito maior torcida são-paulina, mas teria ao seu favor milhares de torcedores e o ambiente todo hostil ao time adversário - como exatamente se caracteriza um jogo fora de casa.
Pois abriu mão disso em troca de maior renda.
E não renda de sua torcida, renda da torcida adversária.
Ou seja, VENDEU O JOGO.
Alguém poderia citar o regulamento da competição, o livre arbítrio de um clube de mandar os seus jogos onde desejar.
No entanto, tudo isso esbarra no bom senso e em mais um item regulamentar: O EQUILÍBRIO TÉCNICO DA COMPETIÇÃO.
Pra se ter uma idéia, o que o Santo André fez é a mesma coisa que se um confronto entre Juventude e Grêmio não ocorresse no Jaconi, mas, sim, em Erechim, para dar mais renda.
Oras bolas, afinal, quem mandaria este jogo?
De direito, Juventude. Na realidade, o Grêmio.
No confronto do São Paulo versus Santo André, portanto, na minha opinião, está caracterizado que os são-paulinos jogaram duas partidas em casa, desequilibrando o certame, rasgando o regulamento e beneficiando um clube através de uma burla pela brecha que este regulamento permite.
Pode-se dizer, sim, que o mando foi comprado. As relações financeiras e justificativas para a transferência do jogo para Ribeirão Preto são abertas e escancaradas - porque legais na superfície.
Mas a partida deveria ser anulada e os clubes envolvidos punidos severamente.
Será que o Estatuto do Torcedor nos permite ir tão longe?
E os clubes disputantes do título? Não vão fazer nada quanto a isso?
Acho que já é o costume de ver o São Paulo levar tudo na mão grande...
Menos mal que saiu empate.
Mas como fica difícil continuar torcendo, não?

6 comentários:

Anônimo disse...

(Jorge Nogueira)

Guga eu concordo que os times grandes de São Paulo têm sido beneficiados - sobretudo na arbitragem (foi uma vergonha por exemplo a roubalheira para o Corinthians contra o Botafogo e o Barueri) - mas esse fato não anula os vacilos graves da dupla Grenal no Brasileirão (o Grêmio no ano passado com 11 ptos à frente e o Inter nesse ano perdendo em casa jogos imperdíveis).

Hélio Sassen Paz disse...

Guga,

O mandante define o local do jogo para onde o mandante acha que vai faturar mais e/ou ter maior torcida a seu favor. Isso a CBF não pode impedir, desde que o estádio tenha uma capacidade mínima e condições de segurança adequadas. O filiado não pode ser impedido de ganhar mais quando a situação dos clubes é tão ruim - ainda mais quando é um clube pequeno.

O São Paulo ODEIA jogar no Santa Cruz. Primeiro, porque o gramado lá é péssimo. Segundo, porque em todos os últimos clássicos contra Palmeiras e Corinthians que jogou lá, perdeu.

Se o Santo André não tem torcida e a maioria do público torcia para o SPFC, isso foi escolha dele. Mas não pra beneficiar diretamente o SPFC - prova disso que o SPFC não ganhou.

A propósito: o lance polêmico do 1º tempo que alguns dizem que foi pênalti do Miranda no Fernando EU não daria, pois o zagueiro do SPFC tocou primeiro na bola. Ele derrubou o antigo centromédio colorado porque ele veio com as pernas abertas e com o corpo inclinado e a perna de trás fez a alavanca.

Acho que não dá pra acreditar em teorias da conspiração ou em enxergar bruxas em tudo e em todos. O Grêmio também foi beneficiado pela arbitragem um monte de vezes no Brasileirão de 2008, assim como nós e o Inter ficamos bem quietinhos quando a coisa nos ajuda no Gauchão.

Tem um livro antigo de baixa tiragem - cujo nome e autor esqueci - publicado há cerca de 10 anos atrás. Obviamente, o PIG jamais iria falar nele. O árbitro de Paraná x Grêmio (um dos tantos que houveram em 1992) disse que um dirigente (COBRAF, CBF, Grêmio, não lembro agora) disse-lhe mais ou menos o seguinte:

- Presta bem atenção em como tu vais trabalhar neste jogo. Se tu fizeres assim, a tua carreira vai decolar. Se tu fizeres assado, aí vai ficar difícil.

Ele ajudou o Grêmio. Pro Paraná, que tava bem na foto e acabou sendo vicecampeão, o resultado não faria diferença. Mas aquele time desgraçado ganhava quase sempre do Grêmio e era melhor.

Aliás, o Grêmio nem era pra ter subido em 1993, pois foi um canetaço que beneficiou sobretudo o Tricolor que pôs 12 times ao invés de 2, pois o Grêmio acabou em 9ª.

Admito que parece haver um favorecimento maior aos três grandes de São Paulo (pra mim, o Santos não é grande) e ao Flamengo. Mas só quando esses estão disputando diretamente o título ou uma vaga pra cair e os adversários diretos estão a uma distância mínima.

Se fosse o caso de favorecer o SPFC, bastaria o árbitro inventar um monte de perigos de gol nos ataques do Santo André ou inventar um pênalti pró-SPFC. Já vi neste campeonato o todo-poderoso Palmeiras da Traffic ser prejudicado em Goiânia, mas iria perder de qualquer maneira para o Goiás, que jogou muito. E, depois de 2005, fora na Copa do Brasil deste ano onde apareceram uns penaltezinhos meio mandrakes até a fase contra o Atlético-PR, normalmente a tendência é ferrar o Corinthians pra não parecer que ele é sempre beneficiado.

E o Flamengo há anos não é acintosamente ajudado.

Enfim... A esmagadora maioria dos erros acontece no varejo e não dá pra provar. Se é pra mudar alguma coisa, que se obrigue a usar as imagens da TV e a fazer os julgamentos entre a rodada da punição e a próxima sem nenhum recurso.

Sei lá... O Grêmio não é nenhum santinho, assim como não existe mais aquela influência pesada e descarada.

Eu, pelo menos, não creio nisso dessa forma.

[]'s,
Hélio

Hélio Sassen Paz disse...

Jorge,

Assisti Barueri x Corinthians e não achei nada de mais na arbitragem.

[]'s,
Hélio

Guga Türck disse...

Bah, Hélio.
Mantenho o que disse: esse jogo do Santo André foi uma descaração absurda - e o meu texto fundamenta minha opinião.
Outra, o Flamengo tem sido sistematicamente auxiliado pelo apito nos últimos anos, sim senhor. Aliás, não só no apito, mas na hora de mexer em calendário também. Em 2007, em virtude do Pan, tiveram vários jogos adiados. Daí, melhoraram o elenco - Íbson entrou - e desequilibrou. E não foi Vasco, Flu e Bota que tiveram vários de seus jogos adiados, mas, sim, o Flamengo. Outra coisa, esses bostas são o segundo clube que mais rodadas ficou na zona de rebaixamento na história do pontos corridos. E caiu alguma vez? Não!
Em 2005, por exemplo, eles estavam afundados na lama e, na surdina, ganharam vários jogos em sequência. Eu vi o primeiro dessa sequência, foi contra o Coritiba. Um assalto!
E o São Paulo venceu pelo menos 2 dos 3 títulos com ajuda imensa de arbitragem. Assisti a vários jogos absurdos. Em 2006, depois da volta da Copa do Mundo, o Grêmio foi massacrado pelo bandeira e pelo juiz lá no Morumbi. Teve um jogo contra o Fortaleza que o cara não acabou o jogo enquanto o São Paulo não empatou - o Rogério até perdeu pênalti. Teve um outro contra Ipatinga... Ih!
E assisti ao Barueri x Corinthians. Lá pelas tantas desisti, porque não deu pra aguentar os erros a favor do timinho...

Hélio Sassen Paz disse...

Enfim... Concordo em parte. Mas muitos dos erros devem ser atribuídos à ruindade do quadro de árbitros. Pode ser até uma ruindade proposital pra facilitar esses erros. Afinal de contas, os árbitros inexperientes são sempre os mais localistas.

O Flamengo não caiu porque havia times muito piores. Naquele ano do Pan, o desequilíbrio técnico em função das rodadas atrasadas, das sucessivas partidas no Maraca e a melhora do time após a chegada do Ibson tem um outro lado:

- E se o Ibson não tivesse dado certo? Ele veio na janela, assim como tantos outros entraram e saíram em vários times. Muitos não deram certo. Outros, de quem pouco se esperava, deram. Este não é um motivo de roubalheira;

- Como diria Mino Carta, até o mundo mineral sabia que haveria a obra do Maracanã para o Pan 2007. O Clube dos 13 se reune pelo menos uma vez por mês. Tem ainda o Conselho Arbitral da CBF. Logo, TODOS os demais clubes sabiam disso. Por que não se manifestaram contra?! Ou, caso tenham se manifestado, certamente foi uma minoria.

Os clubes do RS já votaram a favor de demandas dos paulistas e dos cariocas várias vezes. Quando estiveram ferrados, também foram bastante favorecidos em função desses acordos. Essa é uma chaga sociocultural brasileira. Diante desse quadro, como é que eu vou tirar o Inter pra vítima em 2005 e o Grêmio pra vítima em 2002?!

O Flamengo deve O DOBRO do Grêmio. Atlético-MG e Vasco, O TRIPLO. O Corinthians tá dando uma de Grêmio do Odone: voltou a partir de um trabalho indiscutivelmente competente, mas tá gastando o que não pode e não deveria gastar.

Atlético-MG e Botafogo definitivamente viraram clubes pequenos. O Fluminense, desta vez, se não for a última em que adota a filosofia de comer galinha e arrotar faisão, Vai se apequenar de uma vez por todas.

Te garanto que Corinthians e Flamengo ainda caem na próxima década. Se bobear, o Santos também entra na barca.

Por que acredito nisso? Porque o clientelismo das federações estaduais vai cair por terra com essa de séries C e D fortalecidas e, como a maioria dos oligarcas está velha e morrendo, associando isso ao crescimento do país e aos novos juízes, a palhaçada vai diminuir bastante.

Pra terminar: se o Fábio Koff não fosse presidente do C13 há tanto tempo, o Grêmio não teria podido adiantar verbas da TV nem fazer esse condomínio de credores. É só isso que dá um alento pro Tricolor poder ainda se manter grande.

[]'s,
Hélio

Anônimo disse...

(Jorge Nogueira)

Hélio, naquele jogo houve um pênalti inexistente assinalado para o Corinthians e um gol legítimo do Barueri anulado pela arbitragem.
Foi empate, mas sem os lances ilegais ganhava o Barueri.

Depois contra o Palmeiras foi marcado mais um pênalti inexistente contra o Barueri.
Foi 1 a 0 para o Palmeiras com o gol de pênalti.

Mas repito: isso ñ pode servir como forma de encobrir os graves vacilos da dupla Grenal nos últimos Brasileirões!