segunda-feira, 8 de junho de 2009

Não perca o Boteco Tricolor de hoje! Especial de 1h, sobre racismo, Coligay e, claro, futebol!

Existe uma linha de lendas de preconceito sobre o Grêmio. São histórias fundadas na constituição da sociedade brasileira como um todo, refletidas na realidade dos clubes de futebol, mas que, de uma maneira ainda não bem explicada, encontra seu bode expiatório nas cores azuis, pretas e brancas do Tricolor gaúcho. É, pois, uma pecha que incomoda e que, com certeza, tem suas manifestações entre os torcedores do clube, mas que não é de sua exclusividade.

O Grêmio como instituição é de negros, brancos, alemães, gaúchos, brasileiros, ricos, pobres, mulatos, sem-terras, latifundiários, homens, mulheres, homossexuais, enfim, de todos.

O hino do Grêmio foi feito por um negro: Lupicínio Rodrigues. Na camiseta do Grêmio constam 3 estrelas oficiais, uma delas é em homenagem a Everaldo, atleta do clube, negro.

Recentemente, o Grêmio teve um jogo histórico, contra o Santos, na abertura do Brasileirão, com mais mulheres presentes no estádio do que homens, marcando algo inédito e até mesmo impensável quando se levanta a história do futebol.

O que falar, então, da, se não primeira, mais famosa torcida organizada gay dos clubes brasileiros? A Coligay marcou um período na história do clube em fins da década de 70, início dos anos 80. Lembrando que essa era uma época de Ditadura Militar, mas, mesmo assim, algumas centenas de gremistas desafiavam a intolerância e o preconceito pelo amor ao Grêmio.

Não é preciso nem dizer que o preconceito foi muito maior e hoje a Coligay é muito mais conhecida como uma forma de se ridicularizar a torcida Tricolor do que como um ícone da luta pela diversidade nos estádios e, porque não dizer, na sociedade. Pois no último jogo do Grêmio na Libertadores da América, na Venezuela, percebeu-se uma faixa na torcida do Caracas exatamente com a inscrição COLIGAY pintada nas cores do Grêmio. Com certeza a intenção de quem a colocou lá foi a de dar tom pejorativo, lançando mão a este preconceito muito utilizado, histórico nas arquibancadas em todo o país, contra homossexuais.

No entanto, fomos atrás de repercussões na mídia e em blogs do Tricolor e, de uma certa forma, o que se viu surpreendeu. Afora aqueles que diziam raivosamente que isso era coisa de colorado, ou aqueles que chacotavam o fato de que a torcida do Grêmio é cheia de gays, foi possível perceber uma maioria que questionava qual seria o problema de haver homossexuais na torcida do Grêmio. Houve manifestações, inclusive, de orgulho, exaltando a diversidade que deve ser propagada pela torcida Tricolor para todo o mundo.

Esse tipo de reação vem na esteira de outras atitudes e acontecimentos que vêm ocorrendo com a torcida Tricolor. São faixas de heróis negros da história do Grêmio penduras nas arquibancadas, jogos recheados de mulheres, bandeiras da Palestina... Ou seja, há um clima crescente, diferente, acomentendo a torcida. Embora o ódio contra minorias ainda continue existindo, mas é assim também na sociedade gaúcha, onde o clube Grêmio está inserido, o que apenas refere a normalidade do fato de se ter isso refletido em suas frentes sociais.

Mas o que seria este fenômeno? Aliás, seria um fenômeno? Por que do ódio? Do racismo? Qual o problema da Coligay? Há problemas mesmo?

Pensando nisso, o Boteco Tricolor trouxe 3 convidados para conversar sobre as mais diversas questões relacionadas a esses temas em pouco mais de uma hora de programa gravado. Bolívar de Almeida, livreiro, gremista de longa data, um torcedor com história na ponta da língua, Cláudio, jornalista, negro, que traz lá de décadas passadas a sua relação com o clube, e Célio Golin, militante do movimento gay, se juntam aos 3 fanáticos gremistas que iniciaram o Boteco.

Não perca essa! No ar a partir das 19h, no Alma da Geral.

3 comentários:

André Marins disse...

Eu escutei todos os botecos, e a qualidade só aumenta, mas esse de hoje deve estar imperdível, e talvez, difícil de ser superado. Parabéns Guga e todos os colaboradores.

Rica Retamal disse...

É isso ai, Guga! Ótima iniciativa!
Imperdível este Boteco!!!

Abração e sucesso!

Têmis Nicolaidis disse...

Assino embaixo do Rica e do André.
Lindo o texto e essa foto é demais...vou replicar lá no são linhas.
beijo