sexta-feira, 29 de agosto de 2008

PSOL cassa programa eleitoral do PSTU sobre financiamento das campanhas eleitorais

Deu no RS Urgente:

Recebo e-mail de Vera Guasso (PSTU), candidata da Frente de Esquerda (PSTU-PCB) à prefeitura de Porto Alegre, comunicando que o PSOL cassou o programa eleitoral do PSTU sobre financiamento das campanhas eleitorais. Ela afirma:

“Fomos surpreendidos por uma decisão liminar da Justiça Eleitoral, solicitada pelo PSOL, suspendendo o programa eleitoral do PSTU que iria ao ar às 20h30min dessa quarta-feira, 27/08, repetindo o mesmo material que foi ao ar nesse mesmo dia às 13h. O conteúdo desse programa expressa uma denúncia da nossa candidatura contra a perda de independência política das candidaturas que gastam milhões em suas campanhas eleitorais financiadas por grandes empresários. As grandes empresas posteriormente cobram a conta exigindo favores do poder público, atuam como agentes de corrupção e exemplos temos as centenas. Temos também o exemplo vivo do PT que trocou seu programa para ficar de bem com o empresariado e tem traído as lutas históricas dos movimentos sociais”.


Leia a íntegra clicando aqui.

Nós vamos de Vera Guasso sem piscar.
É praticamente uma opção óbvia por eliminação.
A Manu, que seria a primeira opção, se entregou nos braços do Britto, Bernd, Rosado, Busatto, Odone e cia. Então, nem pensar!
Tentamos, também, mas depois de ver o programa eleitoral, ficou impossível ir de Rosário. E a Luciana nunca foi opção.
Então... Pelo menos o PSTU é autêntico.
Agora, as regras do jogo eleitoral precisam mudar urgentemente.
É inadmissível que os candidatos de coliguem para ganhar tempo em rádio e televisão.
As coisas poderiam ser bem simples, com tempos iguais para todos os concorrentes!
E por que não?
Da maneira que está, hoje, não há democracia, mas, sim, um vantagismo desleal a favor dos partidos tradicionais.
Como, dessa forma, surgirem novas forças? Novos pontos-de-vista?
Está tudo igual, em cores, cabelos e palavras.
Infelizmente, exatamente na eleição em que temos mais figuras femininas do que masculinas disputando a majoritária. Ao invés de ser uma boa peleia, parece um bate-papo de salão de belezas, de saguão de shopping, de loja de sapatos...
Vazio, superficial, em tons pastéis.
Ridículo.
A direita guasca conseguiu o que queria, está tudo igual, estão todos nivelados por baixo e à direita.

750 mil?

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Antítese

Voltando ao que interessa, que é a busca pelo Tri no Brasileirão, como sempre, percebe-se que subestimam o Tricolor.
Diego Souza, um medíocre que foi levantado do limbo pelo Manto Sagrado em 2007, que depois preteriu proposta do Grêmio em favor do Palmeiras (não caiam nessa história de que o Benfica que definiu o negócio. Quem decidiu entre Grêmio e Palmeiras foi o jogador! Ou vocês acham que um clube rasgaria 500 mil euros...), soltou a seguinte declaração:

“O Grêmio vem perdendo pontos nas últimas rodadas do Campeonato Brasileiro e o Palmeiras está vivo. Na próxima partidas, nós temos um jogo fora contra o Atlético-PR, enquanto eles jogam contra o Vasco, que está subindo de produção, em casa. Se vencermos em Curitiba, e depois passarmos pelo Sport, no Palestra Itália, podemos assumir a liderança contra o Cruzeiro. Mas, mesmo que demore um pouco mais, a pressão que estamos fazendo no líder é muito grande! (…)Com 16 rodadas pela frente, nós sabemos que muita coisa vai acontecer no Brasileiro. Existem muitos pontos em disputa. O importante é o Palmeiras continuar vencendo os seus adversários. Quando o Grêmio falhar, o nosso time assume a liderança e não perde mais” – disse o jogador.

Pois eu fui lá e fiz a minha:
“O Palmeiras vem perdendo pontos nas últimas rodadas do Campeonato Brasileiro (perdeu pra inter e Botaogo) e o Grêmio é líder. Na próxima partida, nós temos um jogo em casa contra o Vasco, enquanto eles jogam contra o Atlético-PR, que está mal, mas sempre é difícil na Arena, em casa. Se vencermos no Olímpico, e depois empatarmos com o Fluminense, no Maracanã, podemos abrir 9 com relação ao Palmeiras no jogo contra o Goiás, e a disputa da liderança passa a ser contra o Cruzeiro. Mas, mesmo que a gente tropece, a pressão que estamos fazendo nos outros concorrentes é muito grande! (…)Com 16 rodadas pela frente, nós sabemos que, mesmo com muita coisa a acontecer no Brasileiro, temos 2 rodadas de vantagem, ou seja, para nós restam 14. Existem muitos pontos em disputa para todos. O importante é o Grêmio continuar pontuando. Quando o Palmeiras falhar, ou o Cruzeiro, o nosso time dispara e não perde mais” – disse um Tricolor.

Tudo é uma questão de ponto-de-vista!
E gosto muito mais do meu.
Difícil pra nós, pior pra eles.
Pedreira pra nós, pedregulho pra eles.
Vamos perder? Eles também.
Só não dá pra repetir o desempenho dos dois últimos jogos como se fosse um padrão de jogo...
Acorda, Roth! Depois dessa, não sei se tu vais ter outra oportunidade...

W.O. no GREnal da Sul-Americana

Tem cronista moranguinho da grande mídia enlouquecido com essa história de reservas no jogo de amanhã.
O fato é que NÃO QUEREMOS A SULA-MIRANDA, quer dizer, a Sul-Americana!
No último jogo, os moranguinhos só deram pau, machucaram o Thiego e o Reinaldo, e o juiz foi uma desgraceira só.
Não tem nem que entrar em campo!
W.O. NA SUL-AMERICANA!

THE CORPORATION

parte 1


parte 2


para Gabi

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Sicko

Assistimos ontem ao último filme do Michael Moore.
Simplesmente sensacional!
O melhor dele.
Este é um filme pra todos aqueles que acham que o capitalismo é bom, que deve ser tudo privatizado, mas que têm algum tipo de visão social-democrática.
Se você é daqueles fervorosos dinheiristas (e direitistas), nem perca seu tempo, este filme lhe dará uma úlcera.
O cara, de maneira muito simples e direta, simplesmente desmantela a teia maquiavélica do sistema de saúde estadunidense - a meca dos capitalistas que sempre justificam tudo com "Mas nos EUA é assim, assado...".
Vale demais à pena assistir a Michael Moore levar cidadãos estadunidenses para serem tratados em Cuba. Vale conferir as caras de espanto desses membros da classe média ianque quando percebem a enganação a que são sistematicamente submetidos em seu país.
Moore vai à França, ao Canadá, à Inglaterra.
Compara os sistemas de saúde desses países tão difamados pela cultura e mídia estadunidenses.
A diferença é absurda!
O filme é demais mesmo.

Outras sugestões para quem está afim de procurar outras fontes, que tem um espírito de entender as coisas e que não tem as suas idéias de mundo como definitivas são os outros títulos do próprio Michael Moore, The Big One, Roger & Me (Roger e Eu), Bowling For Columbine (Tiros em Columbine) e Fahrenheit 9/11 (Fahrenheit, 11 de setembro), além de um outro que ele auxiliou na produção, The Corporation (A Corporação).
Imprescindíveis de se assistir são A Corporação e o Fahrenheit.
Caso alguém queira mais informações sobre esses filmes e não saiba aonde encontrá-los, deixa um comentário aí que a gente direciona.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Curva descendente

Está na hora de mexer, mudar, sacudir as coisas.
O jogo contra o Náutico foi simplesmente patético.
E este tipo de baixos e baixos (sim!) só vai nos levar pra um lugar: a 4ª posição no campeonato.
Está na hora de Roth demonstrar que é um técnico que merece respeito mesmo, que tem o time nas mãos.
TEM QUE MEXER!
Anderson Pico precisa urgentemente sair do 11 titular. O cara comprometeu demais nos dois últimos jogos.
Alguém precisa encostar no William Mangolão e no Rafael Carioca e avisar pra eles que eles não são craques coisa nenhuma e que precisam, sim, se esforçar a cada partida pra conquistarem títulos e titulações.
Paulo Sérgio já deu sua grande contribuição ao Tricolor, acertando 2 cruzamentos em 40 jogos - chega! Bancão pra ele.
As laterais viraram duas avenidas...
E pro ataque, ou sai o Tcheco e entra o Souza, ou sai uma das duas ilhas ali da frente e se muda o esquema, jogando-se com dois meias de aproximação e um atacante enfiado - algo parecido com o que fazia o Mano Menezes, mas, ao invés de 4-5-1, seria um 3-6-1.
Confesso que esta última alternativa é a que mais me agrada.
Está também na hora de parar de insistir com alguns jogadores, como o André Luís...
Quer dizer, TEM QUE MEXER!
Sob pena de perdermos uma oportunidade ímpar que nossos adversários, inclusive, estão nos dando. Já são duas rodadas de parco futebol, de risíveis resultados e a diferença permanece em 5 pontos.
Não dá pra deixar a peteca cair!

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

O último texto da Chineza

Diretamente do Blog do Boca de Rua:



Nesta semana, faleceu Marko Khan Su Gria, a Chineza, integrante do Boca de Rua.

Eis o último texto escrito por ela, relato das oficinas de fotografia e de vídeo que aconteceram nos meses de maio e junho, em parceria do Boca de Rua e do Gapa/RS.

RELATO DAS OFICINAS
Por Chineza

Nos meses de maio e junho deste ano, apesar do frio, das chuvas do final do outono e do começo do inverno terem sido bem rígidos, um grupo de integrantes do jornal, juntamente com outros moradores em situação de rua, não pararam de trabalhar por isso e participaram de duas atividades.
Em maio, uma atividade foi a oficina de fotografia. Em junho, a oficina de vídeo.
Com muito carinho e sempre com muita dedicação, o GAPA nos abriu as portas, nos oferecendo o auditório nas quintas-feiras a tarde para a realização das oficinas.
As oficinas de fotografia foram administradas por três oficineiros, mais que profissionais. Um foi o nosso grande amigo e esposo da Rosina, Luiz Abreu, sempre disposto e brincalhão, e os outros eram fotógrafos do Correio do Povo.
Saudades das tardes em que aprendemos juntos a lidar com as câmeras digitais e manuais, das saídas para fotografar o pôr-do-sol do Guaíba e em geral a orla, das saídas ao Moinhos de Vento. Enfim, a observar duas situações, a sociedade central e a sociedade média alta, e a alta do Moinhos, com seus cafés, restaurantes e muita segurança e materialismo.
A oficina de vídeo, em junho, também foi ótima, pois também aprendemos a lidar com a câmera digital, a única que nós tínhamos. Quem participou deve ter boas lembranças. Eu, principalmente, tive a oportunidade de falar, sorrir e chorar emocionado.
O pessoal do Coletivo Catarse, Gustavo Türck e Rafael Corrêa, foram ótimos companheiros e oficineiros. A Natália, do jornal, sempre que pôde também nos trouxe seu lado mamãe, coruja, é claro, acreditando em nós.
Mas o mais importante é que nos sentimos bem e mostramos que somos capazes, mesmo com nossos problemas diários de realizar um documentário em DVD, de encenar o dia de uma família conturbada e de gravar depoimentos nossos. E com alegria e força de vontade esperamos que existam outras oficinas, para mostrar à sociedade para quem somos problemáticos que nós também temos alegria, alegria.
Participaram das oficinas: Chineza, Adriano, Alexsandro, Michelle, Paulo Ricardo, Roberto e Gilmar. Agradecemos a oportunidade.


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Descansa em paz, amiga!
Podes apostar que aprendemos muito contigo no convívio das oficinas.
Estamos preparando os vídeos para upload no youtube, e estará ali teu talento, tua força, para todos verem.
descansa em paz...

"Perdeu quando podia" é idéia medíocre

Claro que não se pode fazer terra arrasada, mas que o Grêmio complicou a própria vida ontem, isso sim.
A derrota para o Flamengo se desenhou desde os primeiros minutos de jogo, quando o Tricolor abusou da lentidão e da paciência de quem assistia ao jogo.
Anderson Pico foi ridículo e responsável direto pelo gol dos cariocaxxx.
Mas Roth precisa saber mexer na equipe já no primeiro tempo.
Pra que esperar? Esperar o quê?
O desastre...
Depois fica difícil.
Eu também sairia como ele saiu no primeiro tempo, com Souza na ala direita...
Só que ficou nítido que o Grêmio perdia tudo no meio-campo, mesmo com mais jogadores no setor.
Estava na cara que precisávamos mais um jogador por ali.
E Makelele entrou muito bem. O Tricolor equilibrou o jogo, foi, inclusive, superior no segundo tempo, com Souza e Tcheco fazendo uma bela dupla na meia.
Mas num azar tremendo, a bola caiu nos pés de um tal de Toró, que deve ter feito somente dois gols na vida dele - um ontem.
Agora, a obrigação da vitória contra o Náutico é certa pra quem quer seguir liderando o campeonato com folga e se encaminhando para o título.
As circunstâncias de resultados paralelos nem sempre serão favoráveis como foram nessa última rodada, então é premente duas vitórias seguidas nesta fase - até porque tem o Fluminense no Maracanã, de novo...
O fato é que não gosto da idéia de perder quando se pode.
Time que quer ser campeão tem que vencer sempre e se inconformar com a derrota.
Vamos, então, a mais uma Batalha dos Aflitos.

Dá-le!
JAMAIS NOS MATARÃO!!!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Memória

Alguns dizem que é vagabunda. Outros que é suja.
Outros que é marginal, drogada, prostituída, homossexual, doente.

Eu digo que é uma pessoa que tive muito prazer em conhecer.

A Chinesa morreu de tuberculose, no dia 20 de agosto de 2008, com seus amigos, na rua, na sua casa.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

O caminho das pedras

Com a vitória sobre o São Paulo, oficialmente inicia-se a caminhada do Tricolor rumo ao título.
Será um trajeto difícil, mas possível de ser seguido.
Do jeito que as coisas estão, já é dá pra garantir que a minha previsão inicial de que o Grêmio ficaria na faixa da 15ª colocação no Brasileirão deste ano não vai se realizar, pois o 15º em 2007 terminou com 49 pontos e em 2006 com 45 - temos 44 pontos hoje.
Imaginando que seja impossível fazer menos do que 30%, na pior das hipóteses, no returno do campeonato, já dá também para dizer que ficaremos acima da 5ª posição, que em 2007 e em 2006 contou com times que marcaram 60 pontos - o Grêmio, com mais 17 pontos, cerca de 33% dos pontos restantes, faz 61 pontos.
Ou seja, a vaga na Libertadores já é uma realidade concreta, não mais fruto de esperanças e achismos.
Por essas e outras que faço a análise de que um novo campeonato passa a ser competido pelo Tricolor, que é a corrida pelo Tricampeonato Brasileiro, tendo-se, então, já superadas uma série de metas.
Pois bem, vejamos, então, como foi o certame nacional até o momento para concluirmos se somos concorrentes ao título mesmo ou se isso tudo é ilusório e teremos que nos contentar com a 3ª ou 4ª colocação.

1º TURNO
Rodada 1
10/05 São Paulo 0 X 1 Grêmio
Excelente resultado, grande jogo. Celso Roth tirou a corda do pescoço e o zagueiro Pereira começou sua retomada para se tornar de dispensável a indispensável em um esquema sólido de 3 zagueiros.

Rodada 2
18/05 Grêmio 0 X 0 Flamengo
Um assalto. Nenhum outro jogo supera a "operação" que a arbitragem executou na estréia no Olímpico. Foram 2 pênaltis de concurso não marcados e 2 impedimentos com o atacante indo livre, na cara do gol. Impressionou negativamente a passividade dos jogadores em campo e a aceitação da torcida. Credito isso ao fato de ser o primeiro jogo em casa, depois da anestesia geral que foram as quedas na Copa do Brasil e no Gauchão. Hoje, não há um torcedor que não lembre desse jogo...

Rodada 3
24/05 Grêmio 2 X 0 Náutico
Resultado absolutamente normal.

Rodada 4
31/05 Vasco 2 X 1 Grêmio
Um dos piores jogos do Grêmio - trocou a vitória contra o São Paulo por este resultado. Cheguei a escrever que um time que ambiciona ser campeão jamais pode sequer empatar com a baba do Vaxxxco. Na minha opinião, inclusive, o time de São Januário hoje continua sendo candidato sério ao rebaixamento. Mas este jogo marcou o surgimento da estrela de Reinaldo, mesmo ele tendo se machucado.

Rodada 5
08/06 Grêmio 2 X 1 Fluminense
Este jogo foi um marco. A decadência demonstrada no São Januário precisava ser apagada de alguma forma. Nada melhor do que contra o time mais badalado do momento, mesmo que escalando um mistão, o Fluminense. Vitória convincente.

Rodada 6
14/06 Goiás 0 X 3 Grêmio
O início da derrocada das toucas. O início da consolidação do crescimento da equipe. Vencer no Serra Dourado foi um alento.

Rodada 7
22/06 Grêmio 3 X 0 Atlético-PR
O resultado não mostrou o que foi o jogo. 3 pênaltis, dois duvidosos. O Atlético ameaçou bastante com um jogador a menos. Foi preocupante ver os buracos que o esquema 3-5-2 estava deixando em frente à zaga.

Rodada 8
29/06 Grêmio 1 X 1 Internacional
Invenção de Celso Roth + "operação" da arbitragem = porcaria de jogo e de resultado. Foi balão pra todo o lado, mas o que atrapalhou mesmo foi a troca no 11 inicial de Rafael Carioca por Willian Magrão. Besteira total de Roth, que só foi contornada quando ele promoveu a entrada de Carioca.

Rodada 9
06/07 Botafogo 2 X 0 Grêmio
Bah, sem comentários...

Rodada 10
09/07 Santos 1 X 1 Grêmio
Outro jogo que não se pode nem comemorar empate. O Santos é outra baba e, mesmo na Vila Belmiro, tem que ser batido por quem deseja ser campeão.

Rodada 11
13/07 Grêmio 2 X 1 Portuguesa
Este jogo marca o quinto de uma seqüência preocupante - não de resultados, mas de futebol. A Lusa poderia ter terminado o primeiro tempo com 3 a 0 no placar, não fosse o Ninja Victor.

Rodada 12
16/07 Sport 2 X 2 Grêmio
Bom jogo, mas o recuo do Tricolor depois dos gols foi fatal. Este é o jogo do "Ah, e se...". 2 pontos garantidos que podem fazer falta.

Rodada 13
19/07 Grêmio 1 X 0 Cruzeiro
Fazia tempo que não vencíamos o Cruzeiro, mesmo em casa. 1 a 0 apertado, mas que poderia ter sido 5. Sem problemas, o que vale são os 3 pontos contra um adversário direto.

Rodada 14
24/07 Figueirense 1 X 7 Grêmio
Sem comentários!

Rodada 15
27/07 Grêmio 1 X 1 Palmeiras
O verdinho teve muita sorte. A chuvarada facilitou o retrancão do Luxemburro e os caras conseguiram sair na frente numa rara falha da defesa Tricolor. Estivesse tempo seco, eu apostaria que o Tricolor golearia fácil-fácil, tamanha a diferença das duas equipes. Felipe Mattione jogou muito.

Rodada 16
31/07 Coritiba 0 X 1 Grêmio
Aqui os "isentos" da mídia do centro do país começaram a prestar um pouco mais de atenção no Grêmio, mas só porque o Coritiba já havia aplicado pra cima de Palmeiras e Flamengo, porque senão este seria apenas mais um joguinho de fora da aldeia...

Rodada 17
03/08 Grêmio 2 X 0 Vitória
Jogo difícil. O time baiano mostrou ter muita força e preocupa ser um dos jogos a fechar o returno, depois, lá no Barradão. Mesmo assim, 2 a 0 foi pouco.

Rodada 18
06/08 Grêmio 1 X 0 Ipatinga
Outro dos jogos que entra no roll dos piores do ano. Roth demonstrou toda a sua mediocridade não mexendo no time já no primeiro tempo. Foi irritante.

Rodada 19
09/08 Atlético-MG 0 X 4 Grêmio
Resultado retumbante, finalizou o 1º turno com chave de ouro. Marcou a consolidação da liderança e trouxe 3 pontos de um lugar onde muitos vão deixar, mesmo que o Galo esteja garnizé neste ano.

CONCLUSÕES
O Grêmio teve uma tabela relativamente fácil nessa primeira parte. Mas resultados como as vitórias contra o São Paulo, Figueirense, Atlético-MG e Coritiba fora de casa são importantíssimas, pois estes são clubes que certamente arrancarão - ou já arrancaram - pontos em seus domínios daqueles que almejam a parte de cima da tabela. Preocupa, no entanto, a derrota para o Vasco - que vai perder, ou já perdeu, pra todo mundo - e o empate em casa com o Palmeiras, adversário direto.

O segunto turno será bem mais complicado, pois o Tricolor vai jogar com Cruzeiro, Flamengo, Palmeiras e Vitória fora de casa. Será necessária uma boa estratégia para que se atinjam os 70 pontos para - possivelmente - se garantir o título (em 2006 o segundo colocado terminou com 69 pontos e em 2007 com 62).
Ou seja, seriam, nessa projeção, necessários mais 26 pontos (8 vitórias e 2 empates) em 18 jogos a serem disputados.
Qual seria, então, o caminho das pedras?

2º TURNO
Rodada 20
17/08 Grêmio 1 X 0 São Paulo
O primeiro passo já foi dado. É sempre importante em um campeonato com as características do Brasileirão, de pontos corridos, um time fazer 6 pontos sobre um adversário direto.

Rodada 21
21/08 Flamengo x Grêmio
Jogo dificílimo. O Maracanã é outro estádio em que o Grêmio não costuma jogar bem pelas dimensões do campo. No entanto, este ano tal lógica não tem se confirmado, pois, jogando nos maiores gramados do país, o Tricolor fez 8 gols em 3 jogos, vencendo todos (São Paulo no Morumbi, Goiás no Serra Dourada e Atlético-MG no Mineirão).

Rodada 22
24/08 Náutico x Grêmio
Confirmando-se a "lógica" com uma derrota contra o Flamengo, um novo jogo com o Náutico, em Recife, torna-se, mais uma vez, em Batalha dos Aflitos. O Timbu em queda livre, precisando vencer a todo custo para não permanecer na zona do rebaixamento, e o Tricolor precisando se recuperar, pois perder duas seguidas seria péssimo para as pretensões de um postulante ao título e certamente faria encostar Cruzeiro e Palmeiras, isso se os mineiros não tomarem a liderança.

Rodada 23
31/08 Grêmio x Vasco
Jogo pra vencer. Caso contrário, a taça provavelmente vai para outro armário.

Rodada 24
6/09 Fluminense x Grêmio
Outro jogo encardido. Talvez até mais do que contra os adversários diretos, porque o Tricolor das Laranjeiras vai precisar desse resultado de qualquer jeito, seja por desepero de ainda estar flertando com a 2ª divisão, seja para consolidar uma campanha de ascenção.

Rodada 25
13/09 Grêmio x Goiás
Jogo no estilo do contra o Vasco. Só a vitória interessa.

Rodada 26
21/09 Atlético-PR x Grêmio
Aqui, o Tricolor tem que ir com tudo pra cima do Atlético. Esta é uma daquelas partidas vencíveis, estilo aquela contra o Sport na Ilha do Retiro. Vitória neste jogo segura a onda dos concorrentes e prepara para o próximo jogo que será...

Rodada 27
28/09 Internacional x Grêmio
GREnal! Vencendo o Atlético-PR, um empate é bom resultado. Perdendo ou empatando em Curitiba, a vitória passa a ser imprescindível. Aliás, uma vitótia aqui pode complicar o interzinho e ajudar "ao quadrado" o Tricolor (explico isso no final).

Rodada 28
4/10 Grêmio x Botafogo
Jogo contra adversário direto e bom time. Para poder um empate ser aceitável aqui, é preciso estar vindo de 3 vitórias consecutivas.

Rodada 29
8/10 Grêmio x Santos
Tem que vencer.

Rodada 30
19/10 Portuguesa x Grêmio
Dificilmente outra equipe que não o Ipatinga já estará garantida no rebaixamento à altura da 30ª rodada. Ou seja, a briga vai ser feia também na ponta de baixo, com os times fazendo das tripas o coração para sair dessa situação. Me parece este ser o caso da Lusa. Então, péssimo momento para enfrentá-los em São Paulo.

Rodada 31
25/10 Grêmio x Sport
O Sport provavelmente se encontrará no meio da tabela a essa altura, sem ambição nenhuma, já estando classificado para a Libertadores em virtude do título da Copa do Brasil. Tomara que o Sandro Goiano pinte nesse jogo, que a torcida Tricolor faça a festa e que o Grêmio vença para se consolidar na ponta.

Rodada 32
29/10 Cruzeiro x Grêmio
Dependendo de como estiver a tabela, este jogo será marcante. Mas a derrota é provável, o que valoriza muito bons resultados contra a Portuguesa e no GREnal.

Rodada 33
2/11 Grêmio x Figueirense
Quem achar que este é jogo jogado está muito enganado. Os manés da ilha vão vir babando pra cima do Tricolor, mesmo não tendo nada mais a fazer no campeonato. Vão tentar de todas as formas retrucar a retumbante goleada de 7 a 1.

Rodada 34
9/11 Palmeiras x Grêmio
Idem ao jogo contra o Cruzeiro.

Rodada 35
16/11 Grêmio x Coritiba
Mais um jogo difícil dentro de casa. O Coritiba, aliás, sempre incomoda. Lembro certa vez que eles vieram aqui e nos enrolaram, com direito a dois gols do Pachequinho (1,5 m - de cabeça!) e tudo. Vitória imprescindível para seguir com pretensões de título.

Rodada 36
23/11 Vitória x Grêmio
Este jogo inaugura a reta final. Infelizmente, contra um time que, se manter a regularidade, estará lutando pela Libertadores. O negócio é secar os baianos para que eles estejam, a esta altura, lá pela 10ª posição, assim, um empate passa a ser extremamente viável e, quem sabe, uma vitória.

Rodada 37
30/11 Ipatinga x Grêmio
Ipatinga já rebaixado. Dispensando mais da metade do elenco. Jogadores novos, planejando futuro e mala-preta rolando. Jogo brabo!

Rodada 38
7/12 Grêmio x Atlético-MG
Galo na rabeira, precisando de resultado pra não cair? Por favor, não!

RETA FINAL DOS CONCORRENTES
- Palmeiras
Palmeiras x Ipatinga
Vitória x Palmeiras
Palmeiras x Botafogo

- Cruzeiro
Cruzeiro x Flamengo
interzinho x Cruzeiro
Cruzeiro x Portuguesa

- São Paulo
Vasco x São Paulo
São Paulo x Fluminense
Goiás x São Paulo

- Botafogo
Botafogo x Atlético-PR
Botafogo x Figueirense
Palmeiras x Botafogo

CONCLUSÕES
O segundo turno parece ser, sim, bem mais complicado do que o primeiro.
No entanto, difícil para a gente, difícil para eles.
Observando-se, assim, a reta final (9 pontos) dos concorrentes, eu diria que Cruzeiro e Palmeiras (nessa ordem) seriam as equipes mais ameaçadoras.
Sendo assim, é aí que se torna essencial para uma campanha de título do Tricolor uma ajuda de nada mais nada menos do que do interzinho!
Sim! Os caras vão receber em casa Palmeiras e Cruzeiro, sendo que contra este último lá no final do campeonato.
É preciso que o inter esteja mal, precisando de resultado, para não abrir as pernas ao Cruzeiro, porque, contra o Palmeiras, aposto que eles vão com tudo pra cima, já que o jogo é agora e eles estão desesperados...
Isso tudo, claro, desde que comece a ser improvável vencer o certame pelos próprios resultados - o que eu acho, inclusive, mais fácil de acontecer a partir desta tabela que se coloca na nossa frente.
Palpitando, não acredito em vitórias sobre Flamengo, Cruzeiro, Palmeiras, Vitória, Fluminense e Atlético-PR. Mas, por outro lado, nos enxergo vencendo Vasco, Santos, Sport, Goiás, Coritiba e Atlético-MG.
Quer dizer, 6 vitórias de 8 necessárias, em se confirmando aquela previsão de 70 pontos para o título.
Pensando assim, teria-se, portanto, que buscar 8 pontos (2 vitórias + 2 empates) contra Botafogo, Náutico, Portuguesa, Figueirense, Ipatinga e, claro, no GREnal.
Pois é, não é nada fácil...
Só que nenhuma dessas combinações passa de mera suposição, porque a partir de agora a matemática deixa de ser exata.
O que é líquido e certo é que somos candidatos ao título, queira a mídia do centro do país ou não. E que será preciso muita estratégia e dedicação para vencer - coisa que parece estarmos demonstrando neste momento do campeonato.
Este é um momento mágico do Tricolor e não se pode deixar a peteca cair!
Se o Roth se agarrar nessa fase de sua carreira e observar que este é o grande momento de sua vida em que ele não pode inventar de jeito nenhum (nada de Paulo Sérgio na esquerda!), bom, daí acho que não vai ter pra ninguém.

RUMO AO TRI!
JAMAIS NOS MATARÃO!!!
Dá-le!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

W.O. no próximo GREnal

Estou inciando uma campanha.
Não escrevi antes, também, porque o assunto do post anterior é mais relevante, então...
Mas agora já dá pra falar.
Quero que o Grêmio NÃO ENTRE EM CAMPO no próximo GREnal.
Que entregue de vez pros morangos magoados a vaga na Sul-Americana.
Porque não dá para correr os riscos que corremos nesse jogo da última quarta-feira.
Não dá para arriscar passar por mais uma partida violenta e desleal dos moranguinhos e por uma arbitragem ridícula e totalmente parcial como aquela (sim! foi pênalti. não! o Reinaldo não estava impedido! sem falar nos cartões...).
Os vermelhinhos não estavam com gana, estavam com raiva.
Edinho, Marcão e Índio transpiraram mau-caratismo e mostraram suas garras com a complacência daquele juizinho.
E perdemos Thiego nesse contexto.
Um jogador que vinha se afirmando no esquema de 3 zagueiros - que, por méritos do medíocre Roth, encaixou muito bem com o grupo de jogadores do Grêmio.
Imagina se jogássemos com os titulares?
As bestas bufantes rosadas ia ceeeeerto quebrar um ou dois - e como ficaria pro resto do Brasileirão?!
Reinaldo também foi caçado - foi feio, muito desleal da parte deles.
Por isso, repito, ENTREGUEM A SULA-MIRANDA, QUER DIZER, A SUL-AMERICANA PROS MORANGOS MAGOADOS!
Não podemos correr riscos, que se perca por W.O. e deu.
Ou que se jogue com os infantis, não tô nem aí pro resultado...

JAMAIS NOS MATARÃO!
Dá-le!

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A Reforma agrária só vai acontecer no país se o latifúndio estiver de acordo.

Quinta-feira, 24 de julho, 13h. Depois de dois dias e meio de marcha, mais de 600 integrantes do MST chegavam à sede do INCRA, em Porto Alegre, para reivindicar o atendimento de um acordo que prevê assentar duas mil famílias no Rio Grande do Sul ainda este ano. O primeiro prazo, de assentar mil famílias até abril, não foi cumprido.

A marcha começou cedo, antes das 7h. A alvorada no ginásio da Federação dos Metalúrgicos de Canoas foi às 4h. No meio da manhã, quando entravam em Porto Alegre, os trabalhadores foram recebidos por um enorme contingente armado da Brigada Militar. Todos foram revistados, muitos colocados contra a parede, seus pertences vasculhados, mesmo que se soubesse que nada “perigoso” seria encontrado, como não foi.

Quando a marcha foi interrompida pela polícia, os jornalistas das grandes empresas de comunicação estavam lá para captar que os sem terra seriam abordados como criminosos. Nas notícias que escreveram depois não estranharam isso. Pareceu-lhes justo ou normal. O que suas imagens e textos nunca registram é que esses trabalhadores organizados, homens e mulheres humildes, são humilhados pelas forças de segurança. São oprimidos. O noticiário os confunde (e é impossível acreditar que faça isso inocentemente) com pessoas oportunistas e violentas, mesmo quando são vítimas do oportunismo do sistema e da violência de estado.

As iniciativas do jornalismo independente, sejam elas tocadas por jornalistas formados ou não, acabam sendo, quase sempre, os únicos espaços em que movimentos sociais que contestam a estrutura e a lógica do sistema podem expor suas verdades.

Naquele dia, enquanto a mídia corporativa selecionava uma ou outra declaração oficial recolhida às pressas, preparando as informações que iriam novamente envenenar a opinião da população contra um movimento popular legítimo; no momento em que o superintendente Mozart Dietrich explicava a dezenas de integrantes do MST, no auditório do oitavo andar do INCRA, que está tentando adquirir áreas para assentamentos, mas que não pode divulgá-las nem para o próprio Movimento, com receio de que a informação chegue aos latifundiários e que eles estraguem as negociações, pressionando os fazendeiros a não venderem as terras, como já fizeram antes, duas jovens lideranças do MST estadual participavam, por uma hora e meia, de uma espécie de entrevista coletiva informal concedida a seis blogs gaúchos. Uma conversa franca, aberta, reveladora, sem maquiagens. Dessas que nunca chega à população pelas páginas dos grandes jornais e revistas.



Contraditoriamente ou não, foi numa sala cedida pelo Sindicato dos Jornalistas, no centro da cidade, onde encontramos Gilson, filho de assentados, 23 anos de idade e desde os quatro vivendo em acampamentos e assentamentos, e Cristiane, também filha de assentados e há dois anos acampada em Tupanciretã, formada numa escola do Movimento em curso técnico agropecuário, com habilitação em agroecologia, ambos integrantes do setor de frente de massa do MST.



Entrevistadores: Gustavo Türck (Alma da Geral); Claudia Cardoso (Dialógico); Wladimir Ungaretti (Ponto de Vista); Hélio Paz (Resistência pós-moderna); Rodrigo Cardia (Cão Uivador) e Jefferson Pinheiro (Agência Subverta!).

As fotos, que acompanham a entrevista abaixo, são uma seqüência de acontecimentos durante a marcha, desde a saída do acampamento em Nova Santa Rita até a hora em que os sem terra deixaram o Incra, depois de ocuparem o prédio por oito dias.

Gustavo (Alma da Geral): Você está a quanto tempo no Movimento?

Gilson (MST): Eu tinha quatro anos de idade... Hoje tenho 23 anos.

Gustavo: Então você praticamente cresceu dentro do Movimento...

Gilson (MST): Exatamente.

Cristiane (MST): Antes de ir acampar eu morava com meu pai, que também é assentado há uns oito anos, na cidade de Jóia.

Gustavo: Qual a finalidade da marcha e a necessidade de fazer pressão in loco no INCRA?

Cristiane (MST): O principal objetivo desta marcha que iniciamos em Nova Santa Rita é vir até o INCRA cobrar aquele acordo que fizemos no final das marchas do ano passado, quando íamos rumo a Coqueiros do Sul. O INCRA e o Ministério Público Estadual assinaram esse acordo de assentar mil famílias até abril, duas mil famílias até o final do ano. E nós já passamos da metade do ano e ele ainda não cumpriu nada.

Gustavo: Vocês têm informação da quantidade de famílias, que desse acordo eles assentaram?

Cristiane (MST): Saiu agora uma área pequena em são Gabriel, que cabe no máximo 40 famílias.

Ungaretti (Ponto de Vista): Nós estamos num processo eleitoral e ontem eu fotografei todos os candidatos a prefeito dessa cidade, com seus respectivos cabos eleitorais, dentro da Federasul, uma entidade patronal, e nenhum deles recebeu, como candidato, os integrantes do Movimento que entraram na cidade de Porto Alegre. O que vocês acham disso?

Gilson (MST): No planejar a marcha nesse momento eleitoral, pensamos: nós podemos sair às ruas, erguer as bandeiras, dialogar com a sociedade, fazer o debate. Estamos num momento eleitoral em que muitas forças e entidades da esquerda estão envolvidas nas campanhas...

Sobre o fato de não nos receberem, nós do Movimento Sem Terra apostamos no Lula e ele não deu retorno nenhum pra nós. Chegamos até a dizer que ele traiu a classe trabalhadora. Portanto, dali pra frente (da sua eleição), não apostamos mais em candidato e não acreditamos mais em mudanças radicais através apenas do voto – no supermercado Nacional, que nós íamos fazer um ato em frente, nós estávamos denunciando o capital, então veio a repressão – é necessário outro argumento, fazer um outro fato da democracia, além do voto. Porque pelo voto, pelos candidatos, pelos governos não se pauta e não se faz nada da classe trabalhadora, dos pobres e dos oprimidos.

Ungaretti: Eu acompanhei a marcha e percebi que a imprensa, a mídia corporativa, só estava presente exatamente no momento em que a Brigada Militar começa a revista. Ela não acompanhou a marcha, só está presente num ato de revista de vocês. E, como jornalista tenho uma opinião por que isso acontece dessa forma. E mesmo que possa parecer óbvia a pergunta e a resposta, eu gostaria de escutar, vocês estão enxergando a forma como a mídia corporativa, a grande mídia faz a cobertura dos fatos?

Gilson (MST): Na verdade, não deu tempo ainda de fazer reflexões mais profundas do que aconteceu hoje quando a Brigada nos parou e revistou. Então vou colocar mais uma opinião pessoal minha do que representando um coletivo, mas o sentimento que dá de a mídia estar no local, na hora em que tem um pelotão da Brigada esperando a marcha dos Sem Terra que vinha e vai dar de frente com eles, é justamente que a mídia do alto escalão, que é como nós chamamos, ela não está interessada... Nós podemos marchar 40, 400, 500km...

Ungaretti: Vocês têm consciência do número de pessoas trabalhando lá dentro (da marcha), até travestidos de jornalistas, mas que na verdade são dos serviços de Segurança, fotografando e filmando vocês? Hoje eu vi vários, que aparentemente são jornalistas e que, na verdade, são funcionários da Segurança (do Estado). Por que estou fazendo esta pergunta? Porque esta era uma prática da ditadura. Em princípio, vivemos num país democrático, e isso não poderia ocorrer hoje. Esta prática de fotografar o rosto de quem está participando de atividades de movimento sociais é ilegal. Vocês têm consciência de que isso está sendo feito?

Gilson (MST): Não diria que nós temos consciência, mas sabemos que a repressão é tanta, principalmente no Rio Grande do Sul contra os movimentos sociais, e especialmente contra o MST, que tem pessoas infiltradas nos acampamentos, nas marchas, nos assentamentos. Então, nós estamos sendo pesquisados, passo a passo que nós demos. Tem oito companheiros nossos que estão sendo processados pela tal de Lei de Segurança Nacional, que é da época da ditadura. Então nós entramos num momento muito difícil, o MST e outros movimentos sociais.A tática do capital e do governo é sempre tentar acabar pelos mais fortes, então como o MST é o movimento que mais tem massa, que mais sai às ruas, então atacam primeiro o MST, depois o MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), o MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores), a UJS (União da Juventude Socialista) e assim por diante.

Claudia (Dialógico): Em Coqueiros despejaram vocês de uma área legal do Movimento. Esta revista que sofreram hoje é legal? Como é o aparato jurídico pra vocês se defenderem desses ataques da repressão do estado? Vocês estão revertendo isso?

Gilson (MST): O que aconteceu em Coqueiros é que o estágio da luta foi crescendo e nós tínhamos dois acampamentos, o Josiel Alves e o dos cabritos, e as duas áreas eram cedidas por apoiadores pra nós montarmos os acampamentos, então estávamos legal.

A justificativa da polícia e do Ministério Público, que foi o MP quem desenvolveu um relatório nos processando, é que os acampamentos ali geravam margens de conflito na região e então tinham que ser retirados dali. Eles retiraram o acampamento da área cedida pelos apoiadores, os acampamentos tinham horta, plantavam mandioca, batata, repolho, tinha 50 vacas, mais de 200 cabeças de porco, tinha estrutura, escola... Tiraram dali e colocaram nas margens da rodovia 386, em Sarandi, onde tinha interdito proibitório da BR. Então, olha a contradição, eles nos tiram de uma localidade cedida e colocam numa área onde tem interdito proibitório, que não pode ser ocupada por nenhum ser humano. Dali dois dias veio o oficial de justiça dando prazo de uma semana para o acampamento ser retirado de novo. Depois, fizeram uma negociação para 90 dias. Estamos esperando pelo processo dos 90 dias, provavelmente o acampamento vai ser retirado de novo. Temos advogados que são apoiadores do Movimento Sem Terra, que abraçam a causa, que estão tentando recorrer, mas sabemos que nós não estamos lidando com a Constituição, com a Lei, nós estamos lidando com um estado que, independente de lei, está fazendo tudo pra nos acabar. Até no relatório do MP deixam bem claro: “É preciso acabar com a espinha dorsal do MST”. Quebrar a espinha dorsal é tu não andar, é aniquilar.

Jefferson (Agência Subverta!): De que forma esta estratégia do MP está funcionando? Eles estão conseguindo desmobilizar os integrantes do Movimento?

Gustavo: Como está sendo na base do Movimento estas ações da BM? Porque as pessoas nos acampamentos são simples, é mais ou menos um terror que o Estado está empregando na base do Movimento. Vocês já estão sentindo algum efeito das pessoas estarem saindo dos acampamentos?

Cristiane (MST): Nem tanto. Devido a alguns trabalhos de base que nós fizemos com a companheirada, eles entendem que a luta deve prosseguir, mesmo com este ataque, e que, por mais difícil que seja esta fase, ela deve ser superada. Nós não tivemos muitas perdas, mas é um processo bem difícil.

Ungaretti: Em que medida, toda a política assistencialista do governo Lula, com bolsa família, etc, está contribuindo para um certo grau de isolamento? Está ou não? O fato de ter toda uma política assistencialista, isso também tem desmobilizado?

Cristiane (MST): Isso influencia um pouco, e agora teve mais um aumento de 7% da bolsa família, então, principalmente na massificação, quando a gente vai conversar no trabalho de base nas cidades, algumas pessoas não vão acampar, justamente porque recebem essa bolsa família. Às vezes, mesmo que more numa casinha que esteja caindo aos pedaços, se ganham essa ajuda do governo, preferem ficar ali, sabem que vão ter aquele dinheirinho no final do mês, e pra que ir lá sofrer embaixo da lona?

Claudia: Estar dentro do Movimento traz um tipo de consciência, de educação da importância de ser um acampado, um assentado, a ponto de suportar toda uma repressão do Estado e mais, de lutar compreendendo que se tem uma Constituição, direitos, a começar pela terra. Vocês estão pedindo por trabalho, querem trabalhar. Entendem que vão sofrer um tipo de violência, mas estão lá. Parece que isso dá até mais vontade de continuar na luta mesmo. Eu venho da classe média, que está completamente desmobilizada, completamente alienada. É onde se acha que o MST é baderneiro, porque não se pode trancar uma rua pro carro passar. Isso é muito chocante, porque a princípio esta classe média tem escola, tem sua casa... Como se dá esse processo educativo, essa consciência da importância da luta e de se viver assim, apesar de toda a adversidade? Porque vocês são duas gerações que estão vivendo na estrada. Eu que sempre tive uma casa, queria saber como é o processo educacional, como se formam politicamente esses jovens que estão na luta. Como se dá esse trabalho de base?

Gilson (MST): O Movimento Sem Terra, ao longo da sua história, não é simplesmente um movimento que luta pela terra. A terra é um caminho e um dos principais objetivos, mas nada adianta chegar acima da terra sem minimamente ter consciência política, então o Movimento também trabalha pra isso. A gente sabe que não é 100% dos que estão no Movimento, mas boa parte das pessoas têm essa consciência. Esse trabalho (de base), a receitinha pronta não tem como a gente colocar, mas o Movimento tem uma militância bastante jovem nos últimos tempos. E esta militância já está desiludida quando vem pra dentro do Movimento. Ela já meio que descarrega de tudo lá fora e entra com tudo.

Pra tu entrar pro Movimento, com todo o terror que a mídia faz, todo o terror que muitas vezes as pessoas colocam sobre o movimento: “Uma favela é mil vezes melhor que o Movimento Sem Terra”, entendeu? Ou tu chega no Movimento porque não tem mais pra onde ir, está perdido na vida, ou tu chega no Movimento por consciência, porque é filho de assentado ou porque tem simpatia. Nós sempre dizemos que temos que ser também um pouco psicólogos, porque a sociedade que nós vivemos tem e carrega vícios e desvios humanos de monte. Então as pessoas chegam no Movimento com um monte de vícios e desvios. Tudo que vocês imaginarem pode ter...

E aí se tem as linhas internas, começa a organização interna, começa os debates, os estudos. O Movimento tem curso de formação, formar militantes, tanto do ponto de vista político, quanto do ponto de vista formal, escolas... O Movimento tem esses cursos que no decorrer da sua história, de tantas lutas, ele foi conseguindo.Então, é muito esforço de parte da militância, em fazer com que as pessoas compreendam o que é o capital, o que é a mídia, o que é o estado, o governo dentro do estado, quais as aparelhagens do estado, por que a polícia... Isso nós tentamos minimamente trabalhar com as famílias, com as pessoas, explicar isso pras pessoas entenderem, porque senão elas não permanecem no Movimento.

Gustavo: Vocês fazem discussão internamente sobre a mídia?

Gilson (MST): Sem sombra de dúvidas, porque as pessoas permanecem porque têm um mínimo de consciência política, senão elas não permaneceriam.

Ungaretti: Sou professor na área de jornalismo e os últimos 20 anos é cada vez menor o número de estudantes que estão diante de mim em sala de aula que tem um determinado nível de compreensão política do que está acontecendo no país. E, na verdade, grande parte de todas as estruturas dos cursos de jornalismo estão voltadas pra ensinar esse pessoal segurar microfone, gesticular, falar bonito, onde bota a mão, etc. Estou num local onde formam as pessoas que fazem a cobertura dos fatos sociais e sei que essa cobertura é cada vez pior. Nunca se fez um jornalismo tão ruim quanto nos tempos atuais. Todos os jornais iguais, coloridos, com textos de 30 linhas e eles dizem as mesmas coisas. Eu sou um professor nessa área (risos) e, evidentemente, que não vou ensinar isso. É importante que vocês tenham consciência de que há toda uma mão de obra que está sendo formada cujo objetivo é reproduzir os interesses dominantes, e não é desse tipo de universidades e desses cursos que vocês vão tirar as pessoas, por exemplo, para serem bons comunicadores. Eu não gosto desse termo “comunicadores”, inclusive, uso “comunicologia”, pra ridicularizar...

Jefferson: A postura do Movimento de não dar entrevista pra grande imprensa, parte dessa consciência? Vocês continuam não atendendo a RBS?

Gilson (MST): A gente passa informações, por exemplo, sobre a marcha, onde vai parar, que a gente vai fazer debate com a sociedade, depois vai pro INCRA...

Gustavo: Repórter da RBS bate o telefone, vocês respondem pra ele?

Gilson (MST): É. Mas entrevista televisionada, nas rádios, nós não damos porque em outros momentos históricos foi totalmente distorcido, saiu totalmente outra coisa na televisão. É uma política do Movimento, pras grandes mídias...

Gustavo: Tem muita gente que traz a questão, dentro da própria formação do jornalismo, de que a gente precisa mudar a mídia internamente, é se empregar na Zero Hora e aí sim conseguir fazer alguma coisa de dentro do jornal. Isso é uma mentalidade que a gente vê alguns movimentos usarem. O próprio PT, partidos de esquerda, ao invés de montar um veículo novo de comunicação, continuam tentando que a RBS faça um jornalismo decente, continuam acreditando que possa usar esses veículos. Como se deu esse processo de descrença nos veículos, pra não dar mais entrevista, foi porque viram que esses veículos estão a serviço do capital também?

Gilson (MST): Todo mundo que sai às ruas, que faz algum tipo de mobilização, procura se expor pra comunidade, pra sociedade, colocar a pauta que está tentando transmitir. Nós do Movimento Sem Terra não somos diferentes. Quando fazemos uma ocupação no latifúndio, nós tentamos colocar porque fazemos esta ação; quando iniciamos uma marcha, divulgar o por que. Os meios de comunicação deveriam ter o papel fundamental de divulgar isso. Portanto, os grandes veículos de comunicação, e outros médios também, não cumprem esse papel de fazer a repercussão das mobilizações dos movimentos sociais. Faz alguns anos que nós não damos entrevista pro Zero Hora e RBS, por essa questão de distorcer todos os fatos. Tu diz que vai pra direita e eles colocam que vai pra esquerda.

Ungaretti: Existe alguma atividade concreta de aproximação das posições e das experiências comunicativas de vocês com as das periferias? Existe uma tentativa de vocês romper com um certo isolamento se aproximando da periferia das grandes cidades?

Jefferson: Ouvi o João, companheiro de vocês do MST, falar que na visão dele essa marcha tem a característica da comunicação, da aproximação do Movimento com as pessoas na rua, nos locais em que o MST está se propondo a fazer debate, como nesse espaço agora. Uma característica de agitação e propaganda. Junto da marcha tem um grupo de pessoas fazendo panfletagem, divulgando as propostas do Movimento. Como está esse contato direto com a população, pra tentar levar uma informação diferente do que esta que é veiculada pela grande mídia?

Gilson (MST): Em 1984, grande parte da população morava no campo, então o Movimento dos Sem Terra se constituía fortemente de campesinos, mas hoje pouquíssima parte da população ainda mora no campo. E quem ainda mora no campo é porque está lá encostado num fazendeiro... Então o Movimento ainda continua vivo porque automaticamente nos aproximamos da periferia das cidades. Nesses últimos anos nós tivemos que ir se aproximando, resgatando as pessoas. Porque muitos vieram pras cidades com a perspectiva de arrumar algum emprego, com a globalização, mas estão hoje nas periferias catando algum lixo, às vezes nem isso, nem um cavalo, uma carroça não tem pra fazer isso. Então hoje nós temos vários contatos, até em rádios comunitárias dentro das periferias, e com a piazada do hip hop. Mas também não é um afunilamento, dizer que estamos juntos.

Aproximamos também pra colocar a nossa pauta da reforma agrária, mas estamos aprendendo bastante com os trabalhos da periferia, aprendendo muito porque de lá se tira lições, tem grupos organizados... Ali, além de estar a pobreza, de estar os seres humanos discriminados da sociedade, é onde mora e se concentra as maiores forças da população.

Gustavo: Mudou o perfil do integrante do MST nesses anos?

Gilson (MST): Exatamente. Principalmente na Região Metropolitana. Em outras regiões do Estado, de onde a Cristiane faz parte, Região Sul, Fronteira Oeste, ainda a grande parte dos companheiros tem o perfil de camponês. Agora, na nossa região, tem gente com perfil camponês, mas tem também uma grande parte que não tem esse contato manual com a terra. O que a gente faz é conversar com as pessoas, trazê-las para o acampamento e lá internamente criar as condições de ir trabalhando, mexendo com a terra, iniciar pela horta, tem alguns cursos de agroecologia...

Gustavo: Isso dentro do acampamento?

Gilson (MST): Dentro do acampamento e fora. Às vezes se faz experiências para os acampados nos assentamentos.

Gustavo: Então a pessoa sai de uma periferia da cidade, ela nunca trabalhou com a terra, mas precisa, essa fase de acampamento é também de capacitação da pessoa para depois que receber a terra estar...

Gilson (MST): Exatamente.

Jefferson: Esse é um ponto de incompreensão da sociedade, porque a gente ouve muitas pessoas criticarem o Movimento por conta disso, dizem que não são camponeses, é gente das favelas... E usam isso pra dizer que não é um movimento legítimo, como se a pessoa que está hoje na cidade não pudesse voltar para o campo.

Gilson (MST): Todas as nossas origens são camponesas. Quando nós falávamos de recuperação do ser humano, das pessoas, porque muitas não sabem mexer com a terra... Mas nós também estamos trabalhando a questão do artesanato nos acampamentos e assentamentos, porque às vezes eu vou acampar porque eu não tinha o que comer, entendeu? No que tu sabes trabalhar? Então tu vai fazer brinco, tricô, balaio, o que tu puder fazer. Criar essas condições para que a pessoa se encontre também...

Ungaretti: Hoje de manhã, na arrancada da marcha, me chamou a atenção o fato de que todo mundo tem uma função, tem o que fazer, todo mundo tem um lugar, uma atividade. E isso é uma coisa extremamente importante porque não deixa a pessoa solta, jogada...

Jefferson: Outra coisa que muitas vezes as pessoas pensam, e às vezes com a opinião formada pela imprensa, é de que as pessoas do Movimento não trabalham, não fazem nada, e dentro de um acampamento se trabalha muito, não é?

Cristiane (MST): Dentro dos acampamentos, durante a semana, os acampados, as famílias têm diversas atividades. Nós temos os núcleos de base e cada um tem uma atividade, cada pessoa que faz parte daquele núcleo tem um setor ou a coordenação. E a coordenação do acampamento é tirada dos núcleos de base. Os setores têm reuniões pra se planejar, saber o que se vai fazer na semana. Nós temos linhas políticas, regras pras pessoas se habituarem e também respeitar, porque a gente está num coletivo e às vezes a gente trás da sociedade vícios e desvios. É uma forma de a gente acabar resolvendo alguns probleminhas que acontecem. E aí tem a escola itinerante também, onde as crianças estudam, militantes que saem dos acampamentos ou assentamentos fazem cursos nos centros do movimento e vão contribuir nas escolas.

Gustavo: Qual o núcleo que tu participas?

Cristiane (MST): Desde que fui acampar, por já estar fazendo um curso no Movimento e conhecer um pouco da organicidade, eu já vim pra uma instância que é dar alinhamento político do acampamento, que são as brigadas de organicidade. As famílias indicam e aquele grupo ali que, depende o acampamento tem de 12 a 15 pessoas, conduzem as reuniões, os problemas, os próprios planejamentos. Não deixa de ser um núcleo, tem uma responsabilidade...

Ungaretti: Vocês recebem a oferta, a proposta de pessoas dispostas a dar aula, fazer algum curso, atividade, trabalhar em algum lugar para o Movimento? É comum, incomum, acontece um professor chegar pra vocês: Olha, eu estou disposto a trabalhar, o que vocês estão precisando?

Cristiane (MST): Na nossa região acontece. Por exemplo, agora temos uma companheira lá que é da Argentina, e ela está ajudando no setor de educação dando aula. Mas não sei se nas outras regiões acontece isso também.

Claudia: Quem dá aula são professores formados, assentados mesmo, quem são?

Cristiane (MST): Geralmente alguns militantes que fazem curso de Magistério, que já tem uma caminhada, e algumas pessoas que têm um conhecimento maior pra trabalhar com as crianças.

Gustavo: A escola itinerante, que é legalizada e tem suporte de Estado, recentemente houve uma tentativa de “deslegalização”, digamos assim, pelo governo Yeda. Os acampamentos estão sofrendo com falta de material e problemas na questão legal das escolas?

Gilson (MST): Essa situação da escola é bem complicada com os governos. É legalizada pelo MEC, principalmente as itinerantes, que são as escolas dentro do acampamento. Porque nós temos o Iterra, em Veranópolis, tem a Florestan Fernandes em São Paulo, que nós temos cursos de pedagogia, educação, sociologia rural, outros cursos políticos também. Essas não dão tanto problema porque tem um prédio. Agora, um acampamento não tem um local fixo por quatro ou cinco anos, até porque muitas vezes a Brigada vai lá e retira o acampamento. Então tem que ir pra outro lugar e a escola vai junto, é itinerante. Mas falta merenda, que não vem nas datas certas, material “mal e porcamente” chega nos acampamentos. É um desleixo total do Estado. Nós tentamos criar alternativas de conseguir material, de conseguir alimento pras crianças e nós mesmos ir tocando a escola itinerante da forma possível e melhor que dá, porque se nós esperarmos pelo Estado dar sustentação, não existiria mais escola itinerante.

Jefferson: De que forma a sociedade pode apoiar o Movimento, seja trocando idéias, debatendo com as pessoas, seja apoiando materialmente mesmo? Por exemplo, uma marcha despende recursos, estrutura... Sem o trabalho dos apoiadores vocês conseguiriam fazer a marcha, ou é fundamental nessas ações receberem apoio? Pra quem descobre o MST como uma organização importante e gostaria de colaborar, como faz?

Gilson (MST): É fundamental a importância de ter pessoas, companheiros e companheiras que nos apóiam, até porque se nós não tivéssemos de pequena parte da sociedade... A sociedade tem respeito pelo Movimento dos Sem Terra. Pode não nos apoiar no geral, mas tem um mínimo de respeito porque também não é hoje ou ontem que o Movimento está aí nas ruas batalhando. São vinte e poucos anos de história. Tem dois tipos de apoiadores: aquele que vem pra luta, vem pra dentro das escolas dar aula, e tem apoiador que simpatiza com a luta, ajuda com roupa, com doação de material pra escola, com leite quando o Governo não manda para as crianças do acampamento. Tem o que ajuda com o ginásio de esportes para a gente ficar quando se está passando com uma marcha. Os dois perfis são importantes. O bom seria que nós tivéssemos bem mais apoiadores, que aí sim a gente conseguiria...

Ungaretti: Então tem como as pessoas chegarem e se dispor a contribuir?

Gilson (MST): Tem. Nós podemos deixar números de telefone, endereço para as pessoas irem visitar os acampamentos. É muito importante a visita nos acampamentos, porque quem não conhece e está escutando essas últimas notícias na imprensa, que foi aquele relatório do MP criminalizando o MST, fica confuso, porque era um movimento que fazia a luta pela terra e daqui a pouco está cortando eucalipto, então as pessoas ainda não estão entendendo o que está acontecendo. Então a importância de ir a um assentamento, visitar um acampamento eu acho que é um dos maiores apoios nesse momento, porque lá sim a gente vai poder conversar, tomar chimarrão, falar. E aí sim nós achamos os outros meios, ajudar nós, nós também podemos ajudar outros...

Gustavo: Uma campanha pras pessoas antes de falarem do MST irem lá conhecer, que vão ser recebidos...

Gilson (MST): Bem recebidos.

Claudia: Vocês têm noção da reação que houve a esse documento do Ministério Público, inclusive, de juristas? Ficou horrível para o Ministério Público Estadual, teve uma repercussão internacional de revolta e eles tiveram meio que voltar atrás, dizer que aquilo era uma ata de um conselho, mas fizeram uma retificação depois. Vocês têm uma avaliação disso?

Gilson (MST): Temos. Algumas forças da esquerda que estavam meio que distantes do Movimento Sem Terra, devido também a algumas contradições no campo da política, quando veio essa ofensiva... Na nossa avaliação o MP foi usado como fachada. Por trás está todo um outro corpo de interesses, das multinacionais, das transnacionais, do estado... Mas no RS não deu tanta repercussão quanto foi a nível nacional e internacional. No Estado foi um pouco abafada a situação. Agora, em nível nacional e internacional conseguimos mobilizar várias figuras clássicas da sociedade, de cargos importantes, presidente da OAB, documentos pra OEA...

Ungaretti: Hoje eu observei, filmei, fotografei, que a postura de, vamos dizer “boa condução” que a Brigada Militar faz da marcha, é uma postura que assusta a população e isola vocês da população. A marcha vinha normal e aí quando ela entra em Porto Alegre, sai de dentro do ônibus da Brigada Militar os caras com armas, já tinha sido todo mundo revistado, etc. E aí não havia nenhuma razão pra que num determinado momento descesse todos novamente, armados. O que me chamou a atenção foi que num momento em que há uma grande visibilidade porque vocês estão entrando na cidade, há um cordão armado que assusta a população que está vendo, e que isola vocês do restante da população. Vocês se deram conta disso?

Gustavo: Isso é uma prisão itinerante.

Ungaretti: Porque vinha um cara da Brigada Militar caminhando, sem nenhum problema, aí chega num determinado momento, logo ali na entrada da avenida Farrapos, o ônibus pára, desce os caras todos armados, botam um cordão que assusta a população e impede, nitidamente, qualquer relação de vocês com as pessoas.Gustavo: A mensagem que se passa pra quem está de fora olhando é: tu tem que ter medo daqueles caras lá...

Jefferson: Mesmo que o Coronel diga depois que não encontrou nenhuma arma, a Brigada já colocou o MST como um grupo a se temer por conta desse aparato policial todo que se construiu em torno da marcha...

Ungaretti: Não encontrou nenhuma arma, não houve nenhum incidente, não houve nada, não tinha nenhum problema. Só que a estrutura que está acontecendo é extremamente ameaçadora em relação à população e extremamente de isolamento em relação a vocês. Fiquei impressionado com isso, assim como fiquei impressionado que a imprensa só estava presente no momento da revista. Quer dizer, o que vai ao ar hoje à noite no noticiário é a revista. A idéia que passam é de que estão protegendo a população contra o MST.

Gustavo: A gente está derrubando alguns mitos nessa conversa, que são clássicos em relação ao MST. Tu disseste que fez um curso em Pontão numa escola técnica, tinha curso de milícia, de guerrilha lá? Fazer bomba? Me diz onde é isso, por favor. (risos gerais)

Ungaretti: Os instrutores eram das Farcs? (risos gerais)

Gustavo: Quantas escolas dessas existem no RS e que tipos de cursos são oferecidos? É só pra integrantes do MST?

Cristiane (MST): No Educar, em Pontão, tem principalmente este curso técnico em agropecuária com habilitação em agroecologia, que tem formação política junto, mas não tem ninguém das Farc lá... (risos) Tem o Iterra, em Veranópolis, que oferece vários cursos, por exemplo, magistério, curso de saúde, licenciatura... No Educar é pra Via Campesina. No Iterra também. Via campesina é do MAB, MPA... Às vezes um apoiador pode fazer, dependendo da disponibilidade. O curso é subsidiado. Não pagamos. Nós não temos condições financeiras de pagar.

Gustavo: Desde que eu conheci a fundo o MST, que foi no início do ano passado, quando viajei pra todos os cantos do RS, vi que literalmente o MST tem se tornado uma instituição que é substitutiva ao estado em várias formas. Age como reintegração social das camadas mais excluídas da população das cidades, formação... Essas escolas técnicas se subsidiam cursos para filhos das pessoas que estão no Movimento, estão fazendo uma escola pública. Como é a relação das prefeituras com os acampamentos? Se o MST pega aquelas pessoas e tira da cidade, que lá são um problema, e lá no acampamento como há um processo de reeducação, deixa de ser problema, reduz violência nas cidades e uma série de coisas, como é essa relação com as prefeituras?

Jefferson: Coqueiros do Sul, por exemplo, companheiros de vocês disseram que a prefeitura da cidade está sentindo falta do MST, que os comerciantes estão sentindo falta do acampamento, que a saída do acampamento repercutiu na economia do município e tem muita gente querendo vocês lá de volta.

Gilson (MST): Isso que era um acampamento. Imagina se fosse um assentamento... (risos gerais) Nesse relatório do Ministério Público, tem uma parte que diz que o MST é um estado paralelo. Nós não somos nenhum estado paralelo, agora, nós tentamos criar coisas paralelas que, minimamente, dê aos companheiros e as companheiras, aos seres humanos uma vida mais digna. Talvez seja isso que o MP e o Governo estão querendo falar. Porque não estamos tentando criar um estado paralelo, não queremos ter um presidente, até porque rejeitamos esse estado colocado aí, a constituição dele, mas queremos sim criar alternativas para que os seres humanos tenham uma vida melhor. E aí as alternativas estão colocadas, de estudo, profissão, de colaboração, um monte de coisas. São muitas alternativas que nós criamos para as pessoas se recuperarem. Não é do dia para a noite que se recupera também. Alguns não conseguem, saem, mais tarde voltam, e aí conseguem. Então é um processo lento. Outros conseguem mais rapidamente... Mas normalmente a maioria das prefeituras tem uma política de isolar o Movimento Sem Terra, que não é o caso de Coqueiros, que tinha uma relação muito boa, mas a maioria das prefeituras fazem um processo de isolamento, que é não botar abastecimento de água potável pro acampamento, não passar pra recolher o lixo, é os companheiros, mulheres, homens e crianças não terem ambulância pra levar ao posto de saúde, é chegar no posto de saúde e ser maltratado... Em muitos municípios que nós temos acampamentos acontece isso, de rejeição do Movimento. Mas não é uma rejeição geral dos companheiros do município, é uma rejeição institucional. As prefeituras costumam dizer: “vamos ter mais povo e nós vamos gastar mais dinheiro, vocês não estavam no orçamento, não estava previsto que vocês vinham morar aqui”. Em Nova Santa Rita, a relação com o atual prefeito não é nada boa. Em Tupanciretã pode-se dizer que a relação é tranqüila.


Jefferson: Pra quem acredita que o MST é uma organização violenta, o que vocês têm a dizer?

Gilson (MST): Essa ofensiva de tentar criminalizar nós enquanto organização guerrilheira ou ter ligação com as Farc não funciona porque o Movimento Sem Terra é um movimento conhecido e reconhecido no Brasil e internacionalmente, todo mundo sabe o porquê nós fazemos a nossa luta, quais os objetivos, que é terra, educação, a melhor vida pras famílias, direito a ser um ser humano de fato. Que o estado compreenda a nossa luta e que a população brasileira também, que nos apóie.

Gustavo: A pressão que houve em cima de Coqueiros, está acontecendo em outros acampamentos no RS? Quais são os pontos mais críticos no Estado, após Coqueiros, nessa ofensiva contra o MST?

Gilson (MST): O MST tem áreas símbolos. A Fazenda Guerra é uma área símbolo do Estado e da Região Norte especialmente, porque as famílias que são daquela região querem ser assentadas por lá. Elas tinham a Guerra como área símbolo pra pressionar por assentamentos. Porém, o Estado, junto com o Ministério Público começaram a desenvolver esse relatório em sigilo e incluíram as áreas símbolo nossas como táticas de tomada do poder. Dizem que a Fazenda Guerra é porque fica na divisa com SC, saindo do RS, e já tem outro assentamento ali que é de Pontão (Anoni), aí aconteceu isso com o acampamento de Coqueiros do Sul. A Granja Nenê é porque fica perto do Pólo Petroquímico, e a argumentação é de que nós podíamos deixar Porto Alegre sem luz, porque passa o gasoduto, porque passa os trilhos de trem, porque tem um rio, que é uma área estratégica. E a Southal é porque fica na divisa com Uruguai e Argentina, então pode-se escapar do país facilmente, e porque passa os trilhos da América Latina Logística. Isso foi usado como base no relatório. Então tem os acampamentos Nenê, o de Pedro Osório e um acampamento em são Gabriel que tem pedidos já oficializados pelo Ministério Público, pra que as pessoas não possam se mexer. Estão num processo de congelamento dos acampamentos. Não pode se mobilizar porque senão a Brigada faz a retirada. Então a argumentação é essa: “estratégia pra tomar o poder” (risos).

Ungaretti: Um delírio. Fiquem vocês sabendo que existem jornalistas que não são da mídia corporativa e que estão dispostos a escrever, fotografar... É importante que vocês saibam que tem gente nessa área disposta a contribuir, a colaborar, colocar a sua experiência como jornalista, como profissional, a disposição de vocês.

Hélio (Resistência pós-moderna): A grande mídia, apesar de toda essa concentração na mão de poucos, de criminalizar os movimentos, estar sempre ao lado do poder, eles deixam uns furos. Hoje, felizmente pra vocês, apesar do problema da criminalização e da polícia, tem outro lado, viraram moda alimentos sem agrotóxicos, alimentos não transgênicos...

Me ocorreu que, nesse tipo de articulação que vocês fazem com as periferias das grandes cidades, vocês chegam a ensinar o pessoal a plantar alguma coisa? Chegar: “Se vocês souberem plantar, esse alimento aqui é bom, vocês vão poder vender para alguém, manter os filhos de vocês perto”.

Esssas pessoas vão ser os empregados domésticos, vão ser os motoristas, os jardineiros da classe média ou alta que tem ódio, aí quando o patrão falar mal do MST eles vão dizer: não, senhor, não senhora, não é assim.

O grande problema é que a população rural é pequena demais, e quem vive na cidade só vai pro campo fazer turismo e não conhece nem se envolve com as pessoas que são de lá. Então, trazer o campo pra cidade. Em Nova Iorque tem gente que planta em terrenos pequenos de 80m², muitos produtos agrícolas diferentes, plantam flores comestíveis, vários hortigranjeiros, verduras, quem tem galinha no seu quintal troca ovo com o vizinho que tem alface e assim por diante.

Gilson (MST): É uma experiência que eu acho que nós vamos viver logo aí adiante. Não chegamos nesse ponto do campo na cidade, porque o Brasil ainda é muito grande.

Ungaretti: Vocês sabem o que é permacultura?

Gilson (MST): Vocês conhecem o centro de formação aqui em Viamão? Ali estamos construindo uma biblioteca bem grande sobre permacultura. Nós temos algumas iniciativas de permacultura que funcionam ali.

Gustavo: Como vocês estão vendo o cumprimento dessa agenda de duas mil famílias assentadas, como vai ser a continuidade dessa pressão? Porque o INCRA está sucateado, principalmente depois que entrou o Guilherme Cassel. Como o MST vai continuar a pressão pra que a agenda de duas mil famílias seja cumprida?

Gilson (MST): De uma forma ou de outra nós temos que continuar se mobilizando e fazendo pressão. Não digo tanta mobilização em massa, mas fazendo jejum, feira da reforma agrária no centro da cidade, mostrando o projeto do MST... Mas o governo estadual e federal não tem projeto pra reforma agrária. Então, de fato, vai ficar bem complicado pro INCRA assentar as duas mil famílias até o final do ano, sem ter no mínimo um projeto em nível nacional. Pra se ter idéia, os índices de produtividade são de 30 anos atrás. Aí o governo faz todo um discurso da tecnologia chegando ao campo, mas os índices de produção são de um boi por hectare, por exemplo. E tem uma lei, que diz que a terra que não cumpre com sua função social tem que ser desapropriada para fins de reforma agrária. Portanto, o INCRA nunca vai encontrar essas terras porque os índices de produtividade são de 1975. Se encontrasse, não precisaria pagar em dinheiro, mas nunca vai encontrar.

Jefferson: Por que os índices de produtividade não são atualizados?

Gilson (MST): Não são atualizados por interesses da classe burguesa. Se fossem atualizados os índices, se faria uma reforma agrária no Brasil. Então, boa parte do processo da reforma agrária não depende da vontade do governo fazer, nem da vontade do MST em se mobilizar. A reforma agrária sair está nas mãos dos latifundiários venderem ou não áreas pro INCRA. A Dilma Roussef falou na imprensa que só vão ser desapropriadas áreas para reforma agrária se o proprietário estiver de acordo. Isso quer dizer que reforma agrária só vai acontecer no país se o latifúndio estiver de acordo.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Seu Eraldo 6.0

Parabéns, pai!
Gremistão, fazendo sessentinha, hein?
Tá chegando na fase da ponte de safena, cuidado!
Corta o sal, a gordura e vai fazer um exercício.
Tá, eu sei, quem sou eu pra falar isso, né?
Mas eu tenho menos de 30!
Parabéns, véio!!!


Na foto, no saguão de um hotel em Livramento, na noite anterior ao dia 26 de novembro de 2005 - da Batalha dos Aflitos -, esbanjando confiança!

Da série "imagens que dizem tudo"

segunda-feira, 11 de agosto de 2008



Barreirinhas é a cidade do Maranhão onde fica o parque dos Lençóis Maranhenses. Estas fotos são da ida à esta cidadezinha, numa viagem de 4 horas. A estrada está em perfeitas condições - de asfalto -, já os motoristas, nem tanto. É uma estrada estilo 101 não duplicada onde se vê muitos caminhões, ultrapassagens extremamente perigosas, muitas casas de barro como essas aí embaixo e na frente de casinhas pobres com seus muros pintados às vésperas das eleições, pilhas de tijolos recém chegados (pena que não consegui essas imagens)...





Editor blindando

sexta-feira, 8 de agosto de 2008



Algumas imagens de São Luis do Maranhão. A cidade é linda, o povo é muito gentil, a cultura é riquíssima e a natureza é...nossa...só vendo. É um lugar que não guardava espectativa nenhuma e foi me conquistando aos poucos.
Indo a esses lugares é que dá para começar a entender o que significa ser o Brasil. E é ali que vemos que a cultura brasileira vai muitomuitomuito, muito além do que o eixo Rio-São Paulo oferece. Aliás, é tudo o que o eixo Rio-São Paulo sufoca e acaba com sua fúria capitalista e sua putaria (desculpa as putas) - sua putaria novelesca. Tentei resumir o que vi em algumas fotos que irei soltando aos poucos nesse espaço.

O Centro histórico:







Arroz de cuxá, torta de caranguejo, vatapá, pirão, cuxá (é toda comida preparada com uma erva que se chama Vinagreira). E claro, a farofa:



Jesus - o sonho cor-de-rosa - o refrigerante mais tomado no Maranhão. Segundo uma maranhense, eles "largam a mamadeira e pegam o Jesus":



Sem comentários:



Alcântara. Os primeiros habitantes foram os índios até que foram "descobertos" (hahahahaha) pelos Portugueses. Lá fica a Base de Alcântara, é lá que acontece a tradicional Festa do Divino, onde fazem os deliciosos Doces de Espécie, entre outras tantas coisas. A partir de São Luís, é distante 1 hora de barco numa viagem muito cansativa feita diariamente por muitos trabalhadores de São Luís e Alcântara:





Os triângulos no chão significam a influência Maçom no lugar:




A cidade bem lá no fundo - que provavelmente não vai dar para ver aqui - é São Luís: